Poesia Experimental

A poesia experimental é essencialmente característica da segunda metade do século XX e segue uma orientação no sentido de experimentar ou construir objectos poéticos dando importância às intuições e à sua relação dialéctica com os signos. Esta poesia é caracterizada igualmente pelo automatismo surrealista e por uma análise aplicada às estruturas morfológicas e sintácticas, à rima, às analogias verbais, à distribuição visual dos espaços e dos caracteres gráficos. A principal tendência da poesia experimental é para explorar ao máximo as possibilidades estruturais de um dado material artístico independentemente de qualquer intenção significativa.

As principais influências da poesia experimental portuguesa encontram-se nas experiências matemático-combinatórias de Max Bense, nas reflexões de Mallarmé, nas tentativas de Ezra Pound no sentido de assimilar os recursos da escrita e na teoria de W. Empson sobre a ambiguidade poética, sendo que estas influências convergem nos actuais teorizadores e críticos portugueses da poesia experimental, tais como: Melo e Castro, Ana Hatherly, M. S. Lourenço, Gastão Cruz, António Ramos Rosa e o próprio Herberto Helder. As principais manifestações colectivas da poesia experimental foram:  Cadernos de Hoje, Poesia Experimental (1955-1956), Poesia 61, Pedras Brancas (iniciada em 1961), Poesia e Tempo (1962), Hidra (1966 e 1969),Operação-1( 1967), Grifo (1970), Antologia de Poesia Concreta em Portugal (1973), Literatura Cibernética I e II (1977 e 1980), Textos e documentos de Poesia Experimental Portuguesa (1981), Poemografias (1985) e Máquinas Pensantes (1987).

Herberto Helder pode ser considerado como poeta teorico ou experimental uma vez que na sua obra, a poética e o poema envolvem-se num circuito fechado que dá origem a inúmeras sinestesias. Herberto Helder participou nos cadernos da Poesia Experimental, em 1964, cujos primeiros organizadores não se vinculavam a qualquer noção de experimentalismo, tendo participado igualmente nos exercícios concretistas dos cadernos de Poesia Experimental II, dois anos mais tarde, em 1966.

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